segunda-feira, 6 de abril de 2020

Ciência X Conciência


Dr. Ricardo Ariel Zimerman

Agora me explique, a mim, que sou médico, que fiz residência em infectologia, que já participei ativamente de outras epidemias, e em caráter exclusivamente técnico (não tenho partido), para que lado sua balança vai? Porque você deverá ser cobrado. Dizia Pasteur: “O parasita não é nada. O hospedeiro é tudo”. A boa notícia é que não estamos em 1918. Estamos em 2020. O vírus foi sequenciado quase que simultaneamente à sua descoberta, existem testes para diagnosticá-lo e existem medidas de controle de infecção. Nada disso considerado no modelo dos defensores do lockdown total. Se estes fossem oncologistas, teriam descoberto a cura do câncer: em doses suficientemente altas de quimioterapia, todo tumor sucumbe. A chave, porém, é manter as pessoas vivas.

Na hora de se tomar decisões importantes, imagine-se diante de uma balança. Nela, você vai colocar os prós e os contras de suas decisões. Mas você será o responsável pela sua posição assumida. Afinal de contas, esse é o mundo adulto. Você poderá colher os louros ou aguentar as consequências. Depende de sua sabedoria no momento de decidir.

Você vai defender um modelo de lockdown completo, algo inédito, baseado em um modelo matemático único, com erros básicos de premissas, que certamente vai ter um impacto enorme sobre a economia, gerando fome e potencialmente destruindo o sistema público de saúde ? Talvez. Depende do que estiver em jogo do outro lado da balança. Trata-se de alguma epidemia por algum vírus zumbi? Uma mistura de mortalidade da raiva com a infecciosidade do sarampo? Não.

Você vai colocar um vírus que, embora novo, vem de uma família relativamente bem conhecida, que tem uma letalidade real próxima de 0,5 %, e que pode cair ainda mais, com o redirecionamento de fármacos promissores, como a cloroquina e a hidroxicloroquina.

Calibre bem a sua balança. Calibre-a com ciência e com consciência, porque a precisão de cada grama conta.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018



Meu voto para Bolsonaro. Porque?


O voto é secreto, mas eu abri meu voto desde o princípio da campanha para Jair Bolsonaro. Porque? Porque penso que o momento exige alguém que meta o pé na porta, sem o “politicamente correto”. Todo esse mi mi mi nos levou ao ponto que estamos hoje. Um pais que foi dividido pelos esquerdistas que governam o Brasil a 24 anos. E vejam que eu tentei várias vezes ser moderado. Depois de votar em Collor, apostei em FHC e Jose Serra duas vezes, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Peço desculpas, mas devido as circunstâncias sempre optei pelo menos pior, e o país foi caindo cada vez mais para o socialismo nos moderados tempos do PSDB e depois com uma esquerda bolivariana com a turma corrupta do PT, partido esse que jamais levou meu voto, pois para quem lê e estuda um pouco, sabe bem do esgoto do qual esse partido foi parido. Formado de gente dissimulada, a corrupção e a gatunagem fazem parte do DNA desse partido maquiavélico.
Seguindo à risca os preceitos de Antonio Gramsci e Marx, querem destruir o sistema capitalista nos seus principais pilares de sustentação: a família, a arte e a religião.
Tentam disseminar a discórdia entre brancos e negros, héteros e gays, pobres e ricos. Dividir para governar.
Quando tomaram de assalto a república, colocaram em ordem um plano para se perpetuar no poder, onde os meios justificavam o fim. De conluio com ditaduras latinas e africanas, desviaram bilhões de dólares para sustentar o projeto de poder. Roubaram esses bilhões, enquanto davam esmola ao povo. Como na Roma imperial, pão e circo. O pão através das bolsas benefícios e o circo com os artistas aliados e aliciados pela lei Rouanet.
Enquanto isso, perdoam dividas das ditaduras sanguinárias africanas, sustentam um regime comunista em Cuba, financiando portos e sub empregando médicos, entregando refinaria ao índio Morales, comprando Pasadena sucateada por preços cinco vezes maior que o mercado.
Para qualquer cidadão de mediana inteligência é fácil deduzir que tudo isso não foi de graça. A cada remessa do suado dinheiro do povo brasileiro, a propina estava garantida.
 O metalúrgico chefe da quadrilha agora preso, declarou patrimônio de mais de 7 milhões que somado ao espolio da falecida Marisa vai a quase 20 milhões. Perguntei a um amigo empresário dono de uma metalúrgica a 25 anos com mais de 40 funcionários se tinha patrimônio parecido e ele me respondeu que não tinha 40 por cento desse montante. Me pergunto como um elemento que pouco trabalhou na vida, jamais produziu riqueza ou gerou um emprego sequer consegue amealhar tamanha fortuna? E isso vale para quase todos os políticos brasileiros.
No Brasil, dos que empreende poucos ficam milionários, mas quase todos que se envolvem na política ficam ricos.
Nós, o Povo temos que nos posicionar e saber o que queremos para o nosso futuro e de nossos filhos e netos, pois do modo que o Brasil está, temos tudo para nunca dar certo.
Torço por Bolsonaro desde o princípio. Imputam-lhe muitas coisas, mas de ladrão e corrupto, nem toda a máquina mentirosa de propaganda do PT conseguiu incrimina-lo.
Por isso no dia 7 meu voto é 17. E Vamos ganhar já no primeiro turno. Nossa bandeira jamais será vermelha.

terça-feira, 19 de abril de 2016




O PT plantou o ódio. O PT colhe o ódio.

Por João César de Melo, publicado pelo Instituto Liberal




blog
O que aconteceu para que pessoas comuns, que outrora votavam no PT, passassem a rejeitá-lo? O que aconteceu para que pessoas comuns, que outrora defendiam o PT, passassem a relacioná-lo à corrupção? O que aconteceu para que Lula, ex-presidente da república e outrora o político mais poderoso do país, seja xingado de ladrão nas ruas e no congresso? O que aconteceu para que Dilma, com todo aparato publicitário que dispõe, tenha se transformado na presidente com menor popularidade da história do Brasil? O que aconteceu para que Dilma, mesmo com o esforço de compra de apoio empenhado nas duas últimas semanas, tenha recebido meros 137 votos em seu favor na votação do impeachment na câmara? O que aconteceu para que a maioria da população brasileira tenha comemorado a aprovação do impeachment como se fosse a vitória da seleção de futebol numa Copa do Mundo?
“Ao contrário do impeachment de Collor, o de hoje representa um trabalho que veio da sociedade e foi apenas secundado pelo sistema político”, esclareceu o ex-petista Fernando Gabeira, ontem, em seu artigo no jornal O Globo.
O congresso acompanhou o grito das ruas. Preferiu abrir mão do dinheiro e dos cargos que o PT ofereceu para se posicionar do lado da sociedade. Relutou o quanto pode. Mas o fato é que a desmoralização do PT chegou num ponto em que distanciar-se do partido tornou-se uma questão de sobrevivência política. Lula não conseguiu seduzir sequer os deputados mais insignificantes. Em apoio ao partido, sobrou apenas a extrema-esquerda.
Pouco antes do início da votação de ontem, o líder do PT na câmara, José Guimarães, disse que Dilma promoveria uma repactuação política caso o impeachment fosse rejeitado, mas foi firme ao dizer que o partido não participará de nenhum pacto de governabilidade proposto por outro presidente. Eis o resumo da história do PT. Eis a essência do PT. Eis a causa do desmoronamento do partido.
O Partido dos Trabalhadores sempre viu o ambiente democrático como uma ponte para o autoritarismo. Sempre atuou como um predador, tentando destruir todos os adversários. Caluniou sem pudor. Fez oposição sistemática a todos os governos que o antecedeu. Rejeitou o acordo de “união nacional” proposto por Itamar Franco, antes mesmo de saber quais as medidas que seriam adotadas para se vencer a grave crise econômica da época. Votou contra o Plano Real. Passou os oito anos do governo FHC liderando uma oposição sistemática e destrutiva.
Tudo isso consolidou, no meio político, a certeza de que Lula não tinha qualquer apreço por ninguém. Era uma relação comercial e nada mais. Porém, a cortina começou a ser aberta e o dinheiro começou a acabar. Como no final do filme Cidade Deus, a pivetada que trabalhava para Zé Pequeno, ao vê-lo em dificuldade, resolve matá-lo. O congresso fez com Lula o que Lula fez com muitos e muitos outros.
No caso de Dilma, ela foi vítima do discurso “nós contra eles” que ela mesma adotou. Plantando o ódio contra nós, plantou o ódio contra si mesma.
Nunca quis dialogar com ninguém fora de sua esfera de influência. Assim como Lula, nunca quis melhorar o Brasil. Tratou pobre como mendigo. Tratou corruptos como heróis. Tratou muito bem os grande empresários enquanto esculachava os pequenos. Tratou as críticas da imprensa e da sociedade como manifestações golpistas muito antes de qualquer movimento de impeachment. Não teve humildade para reconhecer seus erros. A sociedade viu tudo isso.
Ao forjar uma guerra entre homens e mulheres, entre brancos e negros, entre gays e héteros, entre cristão e ateus, entre ricos e pobres, Dilma tornou-se a inimiga ser derrotada por todos.
Os inimigos do PT não se resumem mais a ideólogos da direita. Graças a sua prepotência, grande parte de seus antigos eleitores também querem seu fim.

domingo, 28 de fevereiro de 2016


Os músicos do Titanic

                                                                                                         Por Ives Gandra da Silva Martins



Ao ler e ouvir as manifestações da Presidente e de seu grupo ministerial, que não se dão conta de que, sob seu governo, o país está afundando num poço ainda sem fundo, fico com a impressão que foram invadidos pelo espírito dos músicos do Titanic, que continuaram tocando, enquanto o navio naufragava lentamente.

Não é possível que não tenham percebido o fracasso dantesco do Plano Dilma 1 e que o Plano Dilma 2, deste segundo mandato, conseguiu acrescentar uma notável “contribuição de pioria” ao já desastrado plano do primeiro mandato. A expressão aqui usada não representa um neologismo – como aquele utilizado pela presidente Dilma, ao dar sexo vernacular ao mosquito fêmea, chamando-o de “mosquita”-, mas ironia, há anos utilizada por tributaristas em contraposição ao tributo “contribuição de melhoria”, quando se trata de tributos de má qualidade.

O certo é que o segundo rebaixamento promovido pela Standard & Poor’s, a incapacidade de um ajuste fiscal a curto prazo, a manutenção de uma máquina esclerosada e ineficiente com não concursados preenchendo dezenas de milhares de cargos, a necessidade de impedir o “impeachment” através de toda a espécie de concessões a parlamentares, a dificuldade de conviver com seu partido, com o empresariado e seus ranços ideológicos num saudosismo permanente dos ineficazes regimes de esquerda – sendo seu dileto amigo Maduro o mais estupendo exemplo da derrocada populista -, tudo isto tem transformado a presidente Dilma na pior presidente da República que o Brasil já teve.

Não percebeu a primeira mandatária que, sem confiança, nenhum governante governa e, na sua pessoa, a confiança é quase nenhuma. Sem confiança ninguém investe, porque não acredita no governo, nem vê segurança em seus investimentos. Sem investimento, o país patina, o desemprego aumenta e, para equilibrar as contas, em vez de reduzir o peso da burocracia e das alíquotas tributárias para reanimar a sociedade, o governo busca aumentar mais os tributos sobre um doente que se encontra na UTI, que precisa de transfusão de sangue e não de sangria.

O plano apresentado é pífio. Correto no que diz respeito à Previdência, mas seus efeitos só ocorrerão a longo prazo; tímido no que diz respeito aos cortes orçamentários e quase nulo, no que diz respeito à redução da máquina burocrática. Os discursos em Brasília são de euforia, por ter colocado um fiel seguidor na liderança do PMDB; por ter feito um mutirão contra a “mosquita”, que põe 400 ovos, por culpar a crise internacional, o permanente vilão de seu desastre. Nenhum “mea culpa”, nenhum plano para reais reformas tributária, administrativa, trabalhista, política e do próprio Judiciário, que consome 1,8% do PIB, incluídas as defensorias e o Ministério Público – enquanto o Poder Judiciário alemão consome 0,32% e o francês 0,20%.

Não tenho dúvida de que esta insensatez, que retira a esperança de todo o povo e não promove investimentos –projeta-se uma queda do PIB de 10%, nos dois primeiros anos do 2º mandato–, certamente levará para além de 2016 a crise por ela gerada, sem luz no fim do túnel.

Do poço em que o Brasil afunda ainda não se vê o fundo, mas todos nós estamos fadados a acompanhar o governo Dilma em seu dramático naufrágio, ao som da sereníssima orquestra do Titanic.


Artigo publicado originalmente em O GLOBO, edição de 25 de fevereiro de 2016

IVES GANDRA DA SILVA MARTINSAdvogado, é professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016


O Conselhão da Dilma.



No dia de hoje reinicia as atividades do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, nome pomposo mas conhecido no popular como "conselhão".
Formado no governo Lula, a um ano e meio desativado, e agora em plena crise econômica onde o país se encontra atolado em dividas e corrupção, com o
mar de lama do Palácio do Planalto que daria inveja no então mar de lama do Palácio do Catete, é posto para funcionar novamente.
Para quem não sabe ele é formado por intelectuais de esquerda, lideres sindicais e grandes empresário.
Os primeiros, são aqueles tais beneficiados pela famosa Lei Rouanet, que com incentivos fiscais arrecadam para fazer shows musicais, peças de teatro, livros de poesia e outras firulas "educativas" descontados do imposto a pagar.
O grupo de lideres sindicais, são aqueles que nunca ou pouco trabalharam na vida. Alguns não frequentam um chão de fabrica a décadas, mas no entanto diferentemente dos que batem ponto diariamente numa empresa, vivem uma vida de mordomias supostamente defendendo os "direitos dos trabalhadores" e obviamente usando o dinheiro que estes recolhem através do famigerado imposto sindical e outras contribuições.
O terceiro grupo é formado pelos "grandes empresários" e obviamente grandes banqueiros. No grupo anterior participava alguns agora denunciados na operação Zelotes. Agora não sei. Bem, esses ai desfrutam de empréstimos milionários com juros subsidiados pelo BNDES, que também no popular chamado é de "bolsa-empresário". Convenhamos que é uma maravilha pagar juros de 6 % ao ano enquanto a plebe paga aos bancos 200 % ao ano ou mais.
Para lembrar os desavisados, o governo paga atualmente 14,25 % de juros ao ano , capitaliza o BNDES para ele emprestar a 6 %. A diferença é bancada pelos otários que pagam impostos ou seja, o povão ( que eles sempre dizem estar defendendo) e os pequenos empresários que não tem acesso a esse dinheiro barato.
Só essa aventura, deu ao tesouro um prejuízo de aproximadamente 250 bilhões, isso mesmo 250 bilhões de reais, e por "coicidencia" 1 % dos empresário foram beneficiados com 56¨% do bolo.
Ontem vazou que a Presidente quer dar linhas de créditos a determinados setores da economia. Isso já foi feito uma vez e não deu certo, mas parece que a anta não aprendeu a lição. Outra seria de liberar mais credito através de bancos estatais, (que se não fossem estatais já estariam quebrados) para a população que já está endividada até os cabelos.
Resumo da ópera: alguém de sã consciência pensa que eles irão se reunir para melhorar a vida dos brasileirinhos que não participam dessa mamatas?
Sonha Marcelino!











segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Abertura já

No início dos anos 1980, Brasil e Coreia tinham níveis semelhantes de renda per capita e de produtividade do trabalho.
Na época, havia muitas dúvidas sobre os modelos de desenvolvimento econômico mais apropriados ao que vinha pela frente, e entre os países hoje conhecidos como emergentes destacavam-se duas “escolas”: de um lado estavam os chamados “tigres asiáticos” (Coreia, Taiwan, Hong Kong e Cingapura), que buscavam maior integração na economia global através da “promoção de exportações” (e importações), e de outro, os latino-americanos, com seus modelos de “substituição de importações”, ênfase no mercado interno e autossuficiência.

Eu dava meus primeiros passos como pesquisador, e, em conferências internacionais, os encontros com os colegas asiáticos tinham lugar em um clima de certa rivalidade, muitas vezes sadia e bem-humorada, mas com alguns estranhamentos patrióticos inevitáveis. Todos eram acadêmicos em busca de verdade, mas com certa torcida.

Nós defendíamos nossas cores argumentando que o modelo não era importante se o país fosse competitivo e que, como o mercado interno dava escala ao produtor nacional, o protecionismo devia ser utilizado de forma pragmática. Ademais, era justo que o Brasil procurasse reduzir sua vulnerabilidade externa em razão dos estragos causados pelos preços do petróleo.

Como éramos ingênuos…
Eles diziam que não estávamos entendendo nada sobre globalização e que era bom nos adaptarmos a isso em vez de nos esconder, e que a proteção redundava em deprimir a competitividade, pois as “economias da preguiça” dominavam as de escala. Diziam também que o mercado interno não era nada comparado com o mercado mundial, que estávamos olhando o problema da vulnerabilidade externa de cabeça para baixo, e que a maneira mais barata de arrumar petróleo era produzir alguma coisa em que fôssemos competitivos para trocar com os árabes.

E ficamos assim, cada qual defendendo o seu quadrado.
Trinta e cinco anos depois, está mais do que claro que nós levamos uma surra, que eles tinham razão e que nós embarcamos em uma canoa furada.
A renda per capita da Coreia hoje está perto de 75% da renda per capita dos EUA, ou seja, mais que triplicou, ao passo que o Brasil, que estava perto de 25% da renda americana nos anos 1980, desceu para 18% na avaliação mais recente.

Nos 50 anos anteriores a 1982, o Brasil estava entre os melhores desempenhos do mundo em matéria de crescimento. Mas a mágica que funcionou até aí se perdeu, ou as circunstâncias mudaram, ou ambas. Talvez o segredo do sucesso esteja em adaptar-se a circunstâncias incomuns, como fizemos nos anos 1930, mas fracassamos redondamente depois de 1982. Permanecemos insistindo nas mesmas receitas e já fazem 35 anos de desempenho medíocre.

Será que não está na hora de repensar radicalmente a nossa estratégia de inserção externa? E de rever nossas crenças sobre o conteúdo nacional, “adensamento das cadeias produtivas” e acordos internacionais?
Eles estavam certos em outras coisas, como a suprema importância da exposição à competição internacional para conduzir as empresas à competitividade. Isso se dava, segundo diziam, por que não existia mais “indústrias nascentes”, apenas multinacionais mudando de lugar, e fazendo escolhas tecnológicas determinadas pelo ambiente.
O demônio do protecionismo, todavia, parece bem mais resistente, talvez por que os interesses que vivem sob a sua sombra possam se enrolar na bandeira nacional e exibir uma falsa respeitabilidade beirando a canalhice.
 
Se é para abastecer um mercado interno protegido e com obrigações de conteúdo local, elas adotam o “kit nacionalista”, mas se é para participar da globalização, a chave é outra e a filial se organiza para fazer parte de uma cadeia internacional de valor.

Uma estatística para filiais americanas funcionando no Brasil em 1977 indicava que apenas 8,7% das vendas eram para o exterior, enquanto que na Ásia a razão exportações sobre vendas totais era de 81,2%. As proporções foram para 25% e 52% em 2010, e a média mundial é 45%.
Eram estilos diferentes de inserção externa e que traziam vastas implicações para o tema da vulnerabilidade externa. A descoberta sobre esse assunto nada tinha de intuitiva para nós: em assuntos de balanço de pagamentos, o rabo balança o cachorro.
Explica-se. Um país com importações iguais a exportações na faixa de 35% do PIB, como a Coreia, podia gerar um superávit comercial de 7% do PIB com uma desvalorização cambial de meros 10%. Mas, para um país como o Brasil, com importações iguais a exportações na faixa de 7% do PIB, o mesmo superávit precisaria de uma desvalorização cinco vezes maior, de 50%, uma encrenca.
Portanto, e surpreendentemente, quanto mais fechado, mais “vulnerável”!
Descobrimos essa triste matemática em 1982, quando começou uma “década perdida” que está durando 35 anos.

Uma conclusão tentativa é que, como coletividade, o Brasil é de uma teimosia exasperante no terreno das relações internacionais, mais até que nos assuntos ligados à inflação, onde insistimos com “teorias” heterodoxas até esgotar a paciência do brasileiro. Ressalvada a escorregada recente, aprendemos a lição sobre inflação.

O demônio do protecionismo, todavia, parece bem mais resistente, talvez por que os interesses que vivem sob a sua sombra possam se enrolar na bandeira nacional e exibir uma falsa respeitabilidade beirando a canalhice. Na verdade, a proteção tarifária, as reservas de mercado, desonerações e facilidades para “campeões” parecem se amontoar em tempos recentes, no contexto do “capitalismo de quadrilhas” que aqui se quis implantar, e que a Operação Lava Jato se empenha em combater.

Num livro de 1988, o professor Robert Klitgaard, de Harvard, definiu o grande problema nacional em uma simples equação:
Corrupção = Monopólio + Arbitrariedade – Transparência.
Ou seja, quanto mais distantes do mercado estiverem as relações entre o público e o privado, quanto mais discricionárias as decisões, e quanto menor a transparência, maior será a corrupção.
Tendo em mente a equação acima, apenas uma observação sobre “política industrial ativa”, uma das prioridades do petismo.
Dois economistas (Alberto Ades e Rafael Di Tella) procuraram especificamente uma relação entre corrupção e o que eles denominaram “campeões nacionais”.
Usando dados para 1989-92, de alguns milhares de depoimentos de executivos atuando em dezenas de países, concluem que valores entre 16% e 44% dos investimentos viabilizados por “políticas industriais ativas” se transformam em propina: 30%, em média!
Pois é.
Seria maravilhoso se, junto aos desdobramentos da Operação Lava Jato, pudéssemos rever a vasta constelação de políticas públicas discricionárias e seletivas que tanto favorecem mercados cativos, desvios éticos e prejuízos ao nosso crescimento.

Gustavo Henrique de Barroso Franco é economista, foi presidente do Banco Central do Brasil.

sábado, 24 de outubro de 2015

Mais um texto primoroso de Guilherme Fiuza

 

Guilherme Fiuza, O Globo
Quem roubou não pode chamar o PT de ladrão, disse Luiz Inácio da Silva. Ou seja: ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão, mas ladrão que xinga ladrão vai se ver com Lula. Até que enfim, uma medida moralizadora. O PT quer ser respeitado ao menos pelos bandidos — o que dentro da cadeia é uma coisa importante.
E por falar em bandido, roubo e cadeia, o delator Fernando Baiano disse que deu R$ 2 milhões do petrolão à nora de Lula. Enquanto isso, retorna à pátria (e à Papuda) Henrique Pizzolato, um dos heróis petistas do mensalão. As obras completas dos companheiros nestes 13 anos são realmente impressionantes. Se o governo do PT fosse um filme, seria o “Sindicato dos ladrões” — com todo o respeito. O mais curioso é como o Brasil se harmonizou bem com esse projeto criminoso de poder, na definição do ministro Celso de Mello (que não roubou, então pode dizer que o PT é ladrão).
Pizzolato esfaqueou o Banco do Brasil, Baiano esfolou a Petrobras — e esses são apenas dois agentes do maior sistema de corrupção da história, regido pelo PT de dentro do Palácio do Planalto. Agora tirem as crianças da sala para a notícia estarrecedora: o PT continua dentro do palácio.
Como escreveu Fernando Gabeira, o Brasil desmoralizou a instituição do batom na cueca. A mancha veio da lavanderia, o batom era progressista e a cueca era do bem. O ministro Gilmar Mendes disse que Dilma não precisa de um Fiat Elba como o de Collor para cair. Claro que não. Ela pode cair pedalando — o que seria inclusive menos poluente. As pedaladas fiscais que o TCU já condenou são crime de responsabilidade, e constituem uma fração do tal projeto criminoso — que não é feito só de mensalões e pixulecos, mas também de fraudes contábeis para maquiar o rombo.
Não deixem as crianças ouvirem: essa orgia companheira acaba de render ao Brasil o selo de país caloteiro. Agora sejam fortes: as pedaladas continuaram este ano, depois de flagradas e desmascaradas, e pelo menos uma das centrais de tramoias do petrolão continuou ativa depois da revelação do escândalo. Deu para entender? O PT é o cupim do Estado brasileiro, e não dá para pedir a ele: senhor cupim, por favor, poderia parar de devorar a mobília até 2018? O Brasil está esperando que os cupins passem a se alimentar de vento estocado e façam o ajuste fiscal.
Dilma Rousseff declarou na Finlândia que este governo não está envolvido com corrupção. É verdade. A corrupção, coitada, é que está envolvida com este governo. De cabo a rabo. A Lava-Jato já apresentou as evidências de que a própria reeleição de Dilma se alimentou do petrolão — e Vaccari, o ex-tesoureiro do PT, está preso por causa disso. Mas o governo promete tapar o rombo, e lá estão os brasileiros com os braços estendidos para a seringa da nova CPMF, ou bolsa cupim. Contando, ninguém acredita.
Nesse meio tempo, num lugar muito distante da Finlândia, o Banco Central informa que desistiu de cumprir a meta fiscal. Note bem: não foi uma frase de Mercadante, Mantega ou outra das nossas autoridades de picadeiro. O Banco Central do Brasil, espremido entre a inflação e a recessão, teve que largar no chão a arma da política monetária: simplesmente não há o que fazer para respeitar a meta fiscal em 2016. Dilma reagiu: pediu à sua equipe econômica para flexibilizar a meta fiscal. Nessa linha, poderia aproveitar e pedir para flexibilizar o Código Penal. Seria mais eficaz neste momento.
O governo parou. Dilma, a representante legal (sic) do projeto criminoso de poder, está morando de favor no palácio. Conta com a blindagem do STF aparelhado, do companheiro procurador Janot e de um bando de inocentes úteis que doam suas reputações em troca de uma fantasia progressista cafona (alguns perderam a inocência na tabela dos pixulecos). Quem pode descupinizar o palácio é o Congresso Nacional. O pedido de impeachment está nas mãos do presidente da Câmara, que um Brasil abobado transformou em inimigo público número um — porque aqui quem assalta com estrelinha no peito é herói. Eduardo Cunha pode ser cassado, condenado ou execrado, só não pode roubar a cena daqueles que roubaram o país inteiro.
Os brasileiros que estão autorizados por Lula a chamar o PT de ladrão estão chegando a Brasília, acampando em frente ao Congresso Nacional. Quando deputados e senadores estiverem devidamente cercados pela multidão, brotará num passe de mágica sua responsabilidade cívica. Aí os nobres representantes do povo farão, altivamente, a descupinização do palácio — sem traumas, em nome da lei. O resto é com a polícia.
Cerco ao Congresso (Foto: Arquivo Google)